Por Igor Pontes | Em 04 de junho de 2024 Fonte: Gamearena

Após levas de demissões, Xbox tem a chance de acalmar os ânimos durante o Showcase

Após uma série de decisões tomadas pela divisão de games da Microsoft, Phil Spencer tem uma dura missão no próximo domingo, 9 de junho. Tentar acalmar o coração da indústria durante o Xbox Games Showcase.

Não é de hoje que a empresa tem sofrido com críticas sobre o seu posicionamento na indústria, e com o fechamento recente do Tango Gameworks, as coisas começaram a ficar mais complicadas. Some isso com o pouco impacto que o excelente Hellblade 2 teve no lançamento, mais uma nuvem de incertezas paira sobre o console da Microsoft.

Como ficam os estúdios japoneses?

Com o fechamento da Tango Gameworks, a situação do Xbox no Japão parece mais complicada. Mesmo com a parceria com a Atlus, o fechamento do estúdio fundado por Shinji Mikami não parece uma boa ideia, ainda mais com o sucesso de Hi-Fi Rush e a possibilidade de uma sequência.

O sonho de Phil Spencer sempre foi furar a bolha asiática e entrar de vez no oriente. Contudo, esse tipo de atitude, não é lá tão condizente com o discurso de estreitar laços com esse lado do mercado de games.

Não dá para saber se a Microsoft está obrigando a divisão de games a jogar a toalha e desistir do mercado japonês, já que, realmente, o nome Xbox parece ser muito fraco por lá, ou se a empresa vai se contentar somente com parcerias com estúdios e criadores japoneses para lançar novos projetos.

OD de Hideo Kojima ainda está em desenvolvimento, mas ainda assim, isso é pouco para o tamanho da Microsoft. Não dá para imaginar uma empresa querendo ingressar em um mercado que não tem tanta influência, fechando estúdios e acabando com um nome renomado como o da Tango.

Se contentar somente com parcerias pode ser um baita tiro no pé da Microsoft, ou simplesmente um atestado de que falharam em conseguir vender o Xbox no Japão. De qualquer forma, qualquer uma das situações não é das mais promissoras, e esperamos que algo novo surja para mostrar que a empresa ainda se importa com o mercado oriental.

Os Indies no Game Pass

Um dos principais trunfos do Xbox 360, era a sua galeria de jogos independentes.  Com várias iniciativas da Microsoft para elevar os indies, o 360 era a plataforma para trazer os títulos para os consoles, com muitos nomes surgindo no console durante aquela geração.

Contudo, com a chegada do Game Pass, muitos desenvolvedores independentes, tem sido que a plataforma acaba prejudicando as vendas desses títulos. Recentemente, o desenvolvedor de Metal: Hellsinger, comentou sobre como não acreditava mais no modelo do serviço e estava descontente em como ele impactou negativamente as vendas do jogo.

Sabemos que a Microsoft tem tido várias iniciativas para os indies no Game Pass, mas mesmo com o Indie Selects, anunciado em janeiro de 2024, é necessário um carinho maior para com os títulos independentes na plataforma.

O Xbox já foi considerado a casa dos indies nos consoles, e isso era um dos principais diferenciais em comparação com o PlayStation 3, e ajudou bastante a consolidar a empresa no mercado de games na época.

Falta a Microsoft mostrar mais sobre os programas de incentivo de indies, apostar em uma dessas empresas, dar algum tipo de suporte maior do que só uma tela de destaque na Xbox Store. Por que não pegar um desses estúdios e entregar recursos para lançar exclusivos de grande orçamento para o Series X/S? As possibilidades são grandes e muito mais benéficas para os produtores independentes.

Vários jogos sem data só geram mais incerteza

A Microsoft tem uma série de títulos que ainda não possuem data, mas estão por aí. The Outer Worlds 2 apareceu uma vez, para nunca mais dar as caras. Contudo, outros nomes como State of Decay 3, OD e Fable 4 também estão nessa lista de jogos que parecem estar no forno para sair.

É necessário tirar algum desses da cartola, e mostrar que o projeto está andando. Uma gameplay de OD? Um trailer mais extenso de The Outer Worlds 2? Qualquer uma dessas possibilidades, seria interessante, isso nem contar o sonho de ver uma data para esses títulos.

Com os jogos demorando cada vez mais para serem lançados, fica aquele sentimento de que só veremos alguns desses nomes na próxima década, e com sorte. Cabe a Microsoft entender quais desses nomes já podem entregar uma data de lançamento, e mostrá-los no Xbox Games Showcase.

É preciso mostrar mais dos principais lançamentos

Indiana Jones and The Great Circle, Avowed e outros nomes como Creatures of Ava, precisam receber mais tempo de tela. Jogos do Xbox Game Studios precisam aparecer e mostrar que a Microsoft continua planejando grandes títulos para o console da empresa.

O Showcase precisa entregar não só trailers curtos de história, mas também bastante gameplay para convencer os fãs de que esses jogos podem ser um sucesso para a empresa. Com a série de problemas recentes que a Microsoft tem lidado, qualquer demonstração de confiança é necessária.

O fechamento da Tango Gameworks foi um golpe duríssimo na confiança de muitos sobre o quão estável está o futuro da Xbox. Por isso, mostrar mais do que está chegando ainda esse ano, pode ajudar a acalmar os corações dos fãs preocupados com o futuro dos outros estúdios da empresa.

Está na hora de aumentar o marketing

Uma coisa que precisamos citar, é que apesar de Hellblade 2 ser excelente, o marketing para o jogo foi muito fraco. Poucos trailers, pouca exposição, o título não sobreviveu muito tempo na boca do povo, talvez justamente pela falta de promoção para deixar os fãs com expectativa para a chegada dele.

Com nomes tão grandes quanto Indiana Jones chegando por aí, por que não investir em fazer algo que vá deixar os fãs da franquia empolgados?  Tudo bem que o Harrison Ford não é lá dos mais amigáveis, mas não duvido nada que ele não sentaria dois minutos para fazer algum material promocional para o título.

Ver pouco material promocional dos jogos de Xbox não é tão bacana assim, principalmente quando sabemos que a Microsoft tem começado a ser mais crítica com a forma que Phil Spencer comanda a divisão.

Não custaria nada investir um pouco mais em deixar os jogos no imaginário da comunidade, ao invés de só apresentar coisas quando existem conferências ou apresentações marcadas. Novos trailers, vídeos promocionais, qualquer tipo de ativação ajudaria a alavancar as vendas.

Não dá para viver só de Call of Duty daqui para frente

É óbvio que a aquisição da Activision Blizzard transformaria a Microsoft na casa de Call of Duty. A transmissão que acontecerá logo depois do Games Showcase mostra isso, que a empresa dará todo o foco possível ao próximo Black Ops, e com razão. O jogo continuará vendendo bastante, e alavancará as ações, do jeito que os acionistas gostam.

Contudo, não dá para ficar somente contando com Call of Duty para vir e salvar o dia com suas vendas massivas. Principalmente pelo fato do jogo começar agora a ficar disponível no Game Pass, uma boa parte dos fãs que consomem no PC, podem optar por pagar mais caro em uma assinatura e não comprar o título.

Por mais que o jogo venda muito bem no PlayStation, não dá para negar que o PC também tem sua boa parcela nessas vendas, e trazendo o próximo Call of Duty para o serviço, pode ser que essa porcentagem que iria comprar na Steam, por exemplo, opte pelo caminho mais óbvio de pagar um pouco a mais no Game Pass.

Call of Duty é uma peça importante para a Microsoft continuar fazendo dinheiro, mas não dá para esperar que o Xbox focará somente na franquia, com uma série de outros nomes incríveis nas mãos da Activision Blizzard.

Até mesmo com a chegada de Diablo 4 no Game Pass, e agora com o próximo Call of Duty, a empresa precisa se esforçar para lançar coisas novas e revirar o extenso catálogo da Activision Blizzard para garantir outros sucessos e trazer ainda mais o público para o lado da Microsoft.

Imagina, depois de tantos anos, anunciar Warcraft 4? Starcraft? As possibilidades são grandes, e a Microsoft precisa entender isso. Não dá para ficar só apostando em Call of Duty.

Qual será o tom dessa apresentação?

Uma coisa que precisamos falar sobre, é a possibilidade da mudança de nome da divisão de games para Microsoft Games. Essa possibilidade já vem sendo ventilada há bastante tempo, e parece que o caminho pode acabar sendo inevitável.

Qual será o tom dessa apresentação para o Xbox? Um aporte mais multiplataforma, focando nos vários jogos em outros consoles que a empresa pode lançar, ou focar na comunidade que criou ao longo dos anos, e tentar fortalecer esse vínculo em um momento em que as coisas estão conturbadas?

Ainda é cedo para dizer se a Microsoft está considerando ou não jogar a toalha e deixar de lado o nome Xbox, e essa apresentação pode ser um indicativo muito grande se essa possibilidade continua pairando sobre a empresa, ou ainda veremos o X verde por aí.

Existem muitas coisas que estão incertas sobre o futuro da Xbox, e no fim, o que nós queremos, é que a indústria continue crescendo. Mas não dá para ver com clareza o futuro da empresa quando ela esconde os números, abre um largo sorriso e diz que está tudo bem.

A forma como a Microsoft não revela os números de Xbox ajuda em muito a criar essa mística de incerteza, de que tudo está por um fio de ruir completamente. Talvez mostrar mais números do Game Pass? Vendas de algum título? Algo precisa ser mostrado, ou se não continuaremos nessa impressão de que qualquer curva errada, tudo pode acabar.

Nos resta torcer para o Xbox Games Showcase empolgar. Se isso não acontecer, fica difícil de entender o que esperar da Microsoft pelos próximos anos.