Por Larissa Ximenes | 30 de julho de 2024 Fonte: Hardware
No geral, as redes sociais podem ser vistas como algo vantajoso, principalmente quando percebemos o quanto elas podem ajudar nas conexões e no entretenimento. Mas, como acontece com praticamente tudo nessa vida, o excesso pode ser muito maléfico.
Nesse ponto, as redes sociais são ainda mais perigosas, já que também podem ser muito viciantes. Por isso, enquanto estamos cada vez mais envolvidos com os mundos virtuais, precisamos nos perguntar: “Nosso cérebro está apodrecendo por causa das redes sociais?”
Brainrot e seus comportamentos
O termo “brainrot” (“cérebro podre”) tem surgido como uma gíria para descrever os efeitos de estar constantemente online. Não é um diagnóstico médico, mas sim uma expressão cultural que aponta os impactos negativos do uso excessivo da internet e das redes sociais na nossa saúde mental.
É caracterizado por comportamentos como deslizar infinitamente pelas notícias negativas nas redes sociais, falar incessantemente sobre memes e usar gírias da internet em excesso durante o dia a dia. Parece familiar?
Um dos principais sinais de “brainrot” é quando o tempo online começa a interferir nas atividades diárias. Por exemplo, se você não consegue dormir porque está preso ao telefone ou abandona relacionamentos na vida real para passar mais tempo no Twitter ou TikTok, você pode estar sofrendo de “brainrot”.
Outros sinais incluem a dificuldade de se separar do telefone e a necessidade constante de verificar notificações, além de problemas físicos como tensão nos olhos, dores de cabeça ou má postura.
Brainrot pode impedir o desenvolvimento
Embora todos nós possamos sofrer de “brainrot”, crianças e adolescentes parecem ser os mais vulneráveis. E a pandemia acabou piorando esse quadro. Desde essa época, o tempo de tela aumentou significativamente.
Uma revisão sistemática de 2023 mostrou que o tempo médio de tela para crianças de seis a 14 anos aumentou de 41,3% para 59,4% antes e depois de janeiro de 2020. Nos Estados Unidos, crianças entre oito e 12 anos passam em média de quatro a seis horas por dia online, enquanto adolescentes passam até nove horas.
Embora o termo “brainrot” tenha surgido como uma piada, ele destaca um problema sério com consequências cognitivas, especialmente para crianças e adolescentes.
O uso excessivo de redes sociais pode impedir o desenvolvimento de competências sociais e emocionais, essenciais durante a adolescência. A substituição das interações presenciais pelas redes sociais aumentou as taxas de solidão devido ao isolamento, o que pode levar à depressão.
Efeitos na saúde mental também são preocupantes
Além disso, a maioria das pessoas não se dão conta de que ali dentro muita coisa é apenas “falsa”. As conexões não são sempre genuínas, existe sim uma visão idealizada na vida. Afinal de contas, ninguém posta seus problemas, só os momentos bons (e as vezes até isso é falso).
Dessa forma, o consumo excessivo de mídia pode causar sentimentos de inadequação e baixa autoestima. Filtros e padrões de beleza irreais podem fazer as pessoas se sentirem menos autoconfiantes e mais insatisfeitas com seus corpos, aumentando o risco de distúrbios alimentares e autoavaliação negativa.
Outro detalhe preocupante é que a exposição constante a notícias nas redes sociais pode aumentar os riscos de ansiedade e depressão. Essa superexposição pode criar a percepção de que o mundo é perigoso e prejudicial, intensificando a ansiedade e a depressão.
As redes sociais são projetadas para ativar o centro de recompensa do cérebro, e isso acontece de uma forma bem semelhante com a dependência de drogas ou outras substâncias. Muitos acabam recorrendo ao tempo online para evitar lidar com ansiedade, depressão e outros problemas, mas isso não resolve as questões subjacentes e pode até mesmo piorar os sintomas de saúde mental.
Dicas para minimizar o brainrot
Embora o “brainrot” não seja um diagnóstico médico, existem maneiras de reduzir seus efeitos.
É preciso proteger os pequenos o máximo possível contra essa exposição, afinal de contas eles não precisam disso. Os especialistas recomentam que os pais tentem adiar o máximo possível o uso de smartphones para os filhos. O ideal é mesmo seria até os 16 anos ou mais. Isso porque quanto menos acesso e exposição um adolescente tiver, menos provável é que ele esteja cronicamente online.
Para quem já tem acesso às redes sociais, é preciso estabelecer o famoso “tempo de tela”. Uma opção separar no dia os momentos mais importantes em que fica proibido o uso de redes sociais, seja durante o trabalho, escola, refeições, e a hora de dormir. Já outra opção é fazer o contrário, definir quais são os horários livres do seu dia onde fica liberado o uso do smartphone, e dessa forma você pode até controlar o seu tempo online.
Para quem tem filhos, isso pode ser útil para as duas situações citadas, já que quanto menos tempo os seus filhos te veem no smartphone, menos eles vão querer fazer o mesmo. Dá para ressaltar que algumas redes sociais contam com recursos que podem até ajudar no tempo de tela, como é o caso do Instagram que tem o tempo de descanso para a hora de dormir.
Por fim, procure formas de se sentir bem fora dos celulares, seja com amigos, fazendo uma atividade física, encontrando um hobby. Quanto mais alegria e satisfação você receber offline, menos provável que vá querer passar tempo excessivo nas redes sociais.
Fonte: verywellmind